Maravilhosa graça.



Esta é a saudação característica de Paulo em suas epístolas. Sempre, tanto no começo como no fim de suas cartas, ele dedica esta expressão aos seus leitores. A graça é um favor divino, um dom gratuito, uma mercê concedida por Deus aos homens. Calvino diz que é uma benção muitíssimo desejável ter Deus a nosso favor. E é isso que Paulo deseja aos seus destinatários.

A graça é o que torna o cristianismo diferente de todas as religiões do mundo. Todas elas nos apresentam formas de como o homem pode buscar a Deus e o que se deve fazer para conseguir sua salvação. Explicando isso, Paul Washer toma o exemplo de um mulçumano e um judeu. Ambos dirão que irão para o Paraíso, pois leram seus livros sagrados e cumpriram as regras que neles estavam escritos. Sendo assim, Deus não teria outra coisa a fazer se não conceder-lhes a salvação, afinal eles cumpriram suas normas. Era uma dívida de Deus.

Mas isso não ocorre no cristianismo. Essa não é a mensagem do evangelho, e é o que nos torna diferentes. O homem poderia ser salvo se cumprisse toda a lei de Deus e vivesse uma vida moralmente perfeita, porém o nosso primeiro representante Adão falhou, e seu erro foi passado a todos os que se seguiram depois dele. Desde então, todos os homens nascem em pecado. Todos se extraviaram e, juntamente, se fizeram inúteis. Não há quem busque a Deus, e essa é a primeira divergência do cristianismo para as outras religiões. É o próprio Deus quem escolhe seu povo, o redime e o chama. Deus é quem busca o homem. E, uma vez que o homem não poderia salvar-se por seus próprios meios, ele precisaria de um alguém que assumisse sua dívida e pagasse seu pecado por ele. Deus não poderia simplesmente perdoar o homem, pois ele é Justo Juiz. E esse salvador deveria ser alguém totalmente perfeito e com uma conduta moralmente reta em toda sua vida, e apenas uma pessoa poderia fazer isso: o próprio Deus.

Dessa forma, nosso Senhor Jesus Cristo, de bom grado, bebeu até a última gota de todo o cálice da ira de Deus que estava preparado para os homens. Assim, depositando toda a nossa fé naquele redentor que Deus havia prometido desde a queda do homem, em Gênesis 3, podemos ser justificados diante de Deus. Isso quer dizer que ao olhar para nós, Deus nos vê como homens totalmente limpos, sem máculas, justos. Essa é a doce troca a qual Lutero se referiu: enquanto entregamos todo o nosso pecado, fracasso e culpa em Cristo Jesus; ele, humildemente, nos reveste com sua justiça. Aquele que não conheceu pecado se fez pecado por nós.

Essa é a mensagem do Evangelho! Essa é a graça de Deus que foi derramada sobre nós! Uma vez que o Espírito Santo nos ilumina, entendemos essa mensagem e vemos nosso estado de completa imperfeição, não há como não se render a Deus em sincera humilhação e devoção, e, em lágrimas, clamar a Ele arrependido por nossos pecados; pecados estes que levaram nosso Salvador à cruz, por amor à nos! Essa mensagem da cruz é diferente de todas as outras do mundo, visto que Deus é quem nos redime, e não precisamos cumprir regras, pois falhamos em todas elas. Tudo, porém, foi consumado na cruz! E em todo o pecado, abundou a graça de Deus! Essa mensagem chega a ser loucura para o mundo (cf. 1Co. 1.18-25).

Podemos, então, continuar pecando, uma vez que a graça já abundou? De forma alguma! Continuaríamos nós cometendo todas aquelas transgressões que vão de encontro ao que Deus estabeleceu e que exigiram a morte de nosso Salvador e continuarmos a viver alegre e tranquilamente? Mas é claro que não! O verdadeiro cristão sabe que não são suas ações que o salvará, mas ele buscará ser cada vez mais parecido com seu Senhor, amando o que ele ama e odiando o que ele odeia. Uma vez que o cristão entende sua depravação e seu pecado, a santidade será algo que ele perseguirá.

É muito bom estudarmos teologia, e nos aprofundarmos em certas doutrinas e passagens mais “complicadas” de se entender. Mas é essa mensagem simples e elementar do evangelho que sempre me quebra de cima a baixo, me humilha, me faz ver quem eu sou e o quanto Deus fez por mim. Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito? (Sl. 116.12). Que Deus esteja sempre ao nosso favor, pois como diz Calvino, “esse é o próprio fundamento da nossa felicidade”.

Por fim, além da salvação, que outras bençãos Deus tem te concedido todos os dias e pelas quais você deve ser grato?

Ah, essa graça! Quão rica e pura! Bendito sejas tu, ó Deus, por seres tão gracioso com tão miseráveis pecadores!

Sola Gratia! Solus Christus! Soli Deo Gloria!

Retirado do blog: http://cristaoscontraomundo.wordpress.com/

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