“Os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles” – 2 Coríntios 4:17
Nossa vida virou de pernas para o ar em Novembro do ano passado. Fazia alguns meses que visitávamos médicos e fazíamos exames sem saber exatamente o que estava acontecendo. Mas em novembro de 2014 nós recebemos a tão temida notícia: A Amanda, minha esposa, tinha um câncer de mama, agressivo e invasivo. Na ocasião, os exames apontavam a existência de um nódulo de 2.7cm e a primeira sugestão médica era a completa remoção da mama seguida de quimioterapia.
Pouco depois, fizemos um exame genético que identificou que a Amanda tinha a tal falha genética que a tornaria mais suscetível a desenvolver o câncer na outra mama. Nessa ocasião, a recomendação médica era a dupla mastectomia seguida de quimioterapia. Em fevereiro de 2015, durante a cirurgia de remoção das mamas da Amanda, o oncologista descobriu que o tumor tinha na verdade 10.5cm e precisa então fazer uma cirurgia mais agressiva para a retirada completa do tumor e dos nódulos linfáticos.
Depois do biópsia completa ficamos sabendo que a Amanda tem o tipo mais agressivo de cancer de mama, conhecido como cancer triplo negativo. Esse tipo de câncer de mama não responde à terapia hormonal ou terapias que ataquem receptores HER2, é mais difícil de tratar e mas fácil de espalhar ou de voltar. Sabendo disso, os médicos optaram por um tratamento agressivo e prolongado: Na primeira parte duas etapas de quimioterapia (cerca de 6 meses) seguida de uma longa sessão de radioterapia.
E aqui nós estamos hoje, passando pela primeira de muitas sessões de quimioterapia. Hoje nós sabemos o significado da palavra “agressiva” quando associada a expressão “quimioterapia.” Nessa situação a sensação de impotência é palpável. Nada está dentro do nosso controle ou da nossa capacidade de ajuste. Somos passageiros de uma confluência de fatores que não temos condições de dominar. Mas isso, não é necessariamente ruim.
Ao estudar as escrituras nós eventualmente nos deparamos com alguns paradoxos interessantes. No que se refere a vida, por exemplo, nós aprendemos que a relação entre vitalidade física e vitalidade espiritual é, em muitos casos, inversamente proporcional. Quando Paulo testemunha a respeito do seu sofrimento, ele nos diz que por três vezes suplicou a Deus que removesse da sua vida aquilo que ele chamava de “espinho na carne” (2 Coríntios 12:7-8). Mas ao contrário do que eu e você poderíamos esperar, Deus não respondeu a oração de Paulo como ele gostaria, mas disse: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9). Deus era poderoso o suficiente para remover da vida de Paulo aquele sofrimento, mas Ele o amava demais para fazer isso. Ao invés de resolver o problema e permitir que Paulo restabelecesse sua força, Deus o manteve em uma situação desfavorável, para que ele pudesse experimentar o poder Dele.
Muitas vezes a resposta que Deus tem para nosso sofrimento não é a substituição, mas a transformação. Não é saúde ao invés de doença, força ao invés de fraqueza, mas a experiência da suficiente e eficiente graça de Deus durante o período de sofrimento. As vezes, Ele não remove o sofrimento, nem restabelece nossa força, mas nos oferece a força Dele para enfrentarmos nosso sofrimento e nossas dificuldades, por que a graça de Deus não é apenas um favor imerecido que salva, mas também um poder divino que nos sustenta nessa vida.
“A graça flui em nossa fraqueza”
“A graça flui em nossa fraqueza”
Em nossa fragilidade o poder de Deus fica evidente. Em nossa fraqueza temos espaço para a força que vem de Deus. No nosso sofrimento podemos experimentar a graça de Deus. Esta manifestação da graça de Cristo (2 Coríntios 13:14) era adequada para Paulo, fraco como estava, precisamente porque o poder divino encontra a seu pleno alcance e força na fraqueza humana. Esta manifestação da graça de Cristo também é adequada para nossa família, e tenho certeza que é adequada para você também.
Mas, não pense você que fraqueza é o pre-requisito para o fortalecimento da graça divina. A vida de Paulo era marcada tanto pelo poder de Deus como pela fraqueza humana. O mesmo podemos dizer de Cristo, que apesar de Sua glória e poder, viveu para experimentar as fraquezas da nossa humanidade a ponto de sofrer a morte, e morte de cruz. Aliás, podemos dizer que na cruz de Cristo encontramos o maior exemplo do poder da fraqueza: “Pois, na verdade, Cristo foi crucificado em fraqueza, mas vive pelo poder de Deus. Da mesma forma, somos fracos nele, mas, pelo poder de Deus, viveremos com ele para servir a vocês” (2 Coríntios 13:4).
É por isso que na nossa vida nós podemos experimentar tanto nossa fragilidade quanto o poder de Deus. Até por que, nós sabemos que o poder que Deus exerceu em Cristo ressuscitando-o dentre os mortos, é o mesmo poder que Ele opera em nossas vidas hoje (Efésios 1:19-20). Nós sabemos que em Deus nós podemos encontrar tudo o que precisamos para uma vida espiritual vibrante, mas a experiência desse poder que revitaliza nosso ser em muitos casos é dependente da nossa fragilidade. Ao que parece, nossa sensação de auto-suficiência desaparece quando nos deparamos com a nossa impotência e a inabilidade. Deve ser por isso que Paulo nos diz: “Embora exteriormente estejamos desgastados, interiormente estamos sendo renovados dia após dia” (2 Coríntios 4:16). Paulo sabia que os sofrimentos dessa vida poderiam desgastar e abater o corpo, mas não poderiam impedir que o poder de Deus se fizesse perfeito em sua fragilidade.
Apenas da perspectiva da fé é que podemos encarar os sofrimentos e dificuldades dessa vida como palco para a atuação da graça e do poder de Deus. Afinal nossa esperança não se encontra na cura, mas na vitória final sobre a morte (2 Coríntios 4:14); não se encontra no nosso bem estar, mas na proclamação da graça divina para a glória de Deus (2 Coríntios 4:15); não se encontra nas coisas dessa vida, mas na crescente expectativa da vida por vir (2 Coríntios 4:18). Experimentar o poder de Deus em muitos casos não significa receber um milagre, não significa receber a cura, mas aprender a lidar com nossos problemas, aprender a viver com nossos sofrimentos e ser transformados nesse processo de confiar e depender de Deus.
É a partir dessa perspectiva que enfrentamos os próximos passos na nossa luta:Fragilizados mas experimentando o poder e a graça de Deus; fracos, mas fortalecidos; desgastados, mas esperançosos. Hoje, nosso desejo é que o poder de Deus se torne evidente através da nossa fraqueza e Sua Graça seja conhecida especialmente entre aqueles que ainda não O conhecem.
Marcelo e Amanda Berti – Aprendendo a depender do poder de Deus no momento de fragilidade
Fonte : https://marceloberti.wordpress.com/2015/02/28/o-poder-da-fraqueza/

Que bom ver que vocês mantém essa visão Cristã diante deste sofrimento. Por isso mesmo no sofrimento o crente em Jesus nunca perde a esperança nem a fé, porque não somos daqui, e se estamos aqui é para Gloria de Deus. Que Senhor sustente vocês e lhes dê muita graça, essa graça que é suficiente, bendita e maravilhosa. Peço a Deus que eu também seja acometido desta graça, acometido dessa confiança Nele. Que em tudo o Senhor Jesus seja glorificado. Amém.
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