Repartindo a palavra do Pr. Disilei Monteiro. O texto original era bem maior, filtramos o que achamos de maior destaque. Desfrutem!
“ Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa.Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10:38-42)
Aqui nesta ocasião, as Escrituras indicam que Marta graciosamente recebeu Jesus em sua casa, possivelmente com seus discípulos, já que é possível colher do capítulo 11 que eles não se apartaram dele. O registro de Lucas apresenta uma Marta agitada com os preparativos de um jantar para possivelmente 16 pessoas, Jesus, Maria, Lázaro, os 12 discípulos e a própria Marta, enquanto Maria se senta aos pés de Jesus para ouvi-lo.
Em nosso texto é exposto um sério contraste de atitudes das duas irmãs. O verso 39 diz que Maria “quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos” enquanto que o 40 diz que Marta “agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços.” Então, ao comparar Maria e Marta, vemos que: Maria é aquela que está sentada aos pés de Jesus, e o ouve e Marta, por outro lado, é que estava ocupada com muito serviço, distraída.
Marta, creio eu, era uma dona de casa por excelência. Quando a imagino, penso na melhor anfitriã, na melhor dona de casa de toda a Judéia, talvez até de todo o Israel! Esta era a identidade de Marta. Devia provocar sentimentos de admiração por seu perfeccionismo, é possível imaginar que as mulheres de sua sinagoga local a elevaram ao patamar de a anfitriã perfeita e sua casa provavelmente deveria ser invejada por cada mulher em Betânia. E devemos acreditar que esse foi o problema. Afinal, enquanto todos deveriam elogiá-la por seu frenético trabalho, no entanto, Cristo não o fez.
É importante notar, porém, que Jesus nunca condena o serviço de Marta. Lucas simplesmente registra que Marta estava ocupada com muito serviço. Sabemos, biblicamente, que servir é uma coisa boa. É esse o ensino em 1ª de Pedro 4:9-10, onde lemos: “9Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração. 10Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” Lucas, por isso, não está dizendo que o serviço – especificamente, o serviço de Marta – era ruim. O problema, é que ela se distraiu com ele, ela se excedeu e perdeu o foco do que era importante.
Assim, é a partir disso que gostaria de considerar com vocês algumas coisas importantes que aprendemos da relação dessas duas irmãs com o Senhor Jesus.
1) Quando “muito serviço” não adora a Deus
Eu creio que aqui está a raiz do problema de Marta. Não era apenas porque ela era muito dedicada e perfeccionista, e algo a mais quanto ao fato de ela ter perdido a noção do que era importante: o fato de que ela “continuou trabalhando enquanto Jesus trabalhava”! Há evidência aqui de uma retidão com base em autojustiça, e não apenas quanto à distração em relação ao que Jesus fazia, mas quando Marta começou a se ressentir com Maria, acreditando que ela não estava trabalhando tão duro quanto ela. De fato, um sistema de autojustiça, de retidão por obras e serviço, sempre leva a um espírito crítico em relação aos outros.
E não pára por aí. Uma outra verdade sobre o “muito serviço”, que requer grande medida de honestidade para ser admitida, é que a grande medida de nossa motivação não é que estamos trabalhando para o Senhor, na verdade estamos buscando o louvor dos homens.
Difícil de admitir, não é mesmo? Mas tem mais. Autojustiça, temor dos homens e um espírito crítico em relação aos outros nos tornam amargos para com as pessoas que não reconhecem a grandeza do que temos feito. Creio que encontramos isso na reação de Marta. Marta já gritava por dentro até que veio a queixar-se! Ela estava amarga, irada, uma vez que seus planos perfeitos para a recepção de Jesus tornava-se frustrado.
Kent Hughes afirma que “há uma tendência de pessoas que são muito dedicadas como Marta darem tudo na sua área específica de vocação ou de interesse e permitirem que o interesse passe assim a dominar suas vidas, de maneira que elas têm pouco tempo para que a Palavra de Deus. Sem o benefício da palavra, elas adotam uma mentalidade de estreiteza, sentenciosa em busca de falhas. E, finalmente, a criatividade e a vitalidade que uma vez lhe conduziram à sua área de ministério azeda”.
Então chegamos ao ponto em que “muito serviço” não adora a Deus.
2) O importante é o que Jesus quer
Vivemos em um mundo de Martas. A vida urbana é pródiga em produzir pessoas como ela, em uma análise honesta até a Igreja Moderna se tornou como ela, valorizando mais os “muitos serviços” do que a “coisa necessária”.
Os versos 41 e 42 não apenas assinalam uma grande lição para Marta, elas são uma grande lição para as Martas modernas, para a Igreja, para as irmãs de todo canto, e para os homens também. Diz o texto: 41Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. 42Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”
Você pode pensar que Jesus pegou pesado com Marta, acredito que possa fazer. Mas a verdade é que há ternura e graça na correção de Jesus. Ele socorre essa mulher, ele atinge o coração de seu sofrimento, de seu esmagamento e prisão na autojustiça, na terrível mania de perfeição e performance. Darrell Bock diz que “Jesus pinta um retrato de uma mulher esmagada …”. Em outras palavras, é como se Jesus tivesse dito, “Marta, relaxe, dê um passo para trás e respire. Calma! Você está ansiosa e perturbada com muitas coisas…”.
Quantas vezes todos nós precisamos ouvir isso! Quantas vezes, ao invés de elogio e bajulação precisávamos ouvir alguém nos mandar simplesmente parar!
Minhas irmãs, o importante é o que Jesus quer! O importante não é o que nós queremos oferecer a Ele, mas o que Ele quer! E naquela ocasião, o que Cristo estava dizendo era: “Neste momento, enquanto eu estou aqui, páre de correr dessa maneira, páre de fazer tanta coisa, sente-se e ouça o que eu tenho a dizer.”
Você consegue entender o quanto o “muito serviço” nos rouba a “coisa necessária”? Desde muito tempo atrás, esse tem sido um grande problema para o povo de Deus. Ter agendas com tantas coisas e compromissos, tantas coisas “boas” que nos roubam da companhia de Jesus e daquilo que Ele quer. E isso deve ser observado no contexto do ativismo da Igreja e da família moderna. Fomos convencidos de que temos que “estar na igreja” a cada atividade que se faz, estar envolvido em cada atividade social, em cada reunião de departamentos, ou então seremos “menos cristãos” do que outros. A Igreja Moderna faz mais do que Jesus nos pediu que fizéssemos, mais do que aquilo que Jesus nos ordenou a fazer.
3) E o que Jesus quer mesmo?
Acredito que na maioria dos casos, de famílias e igrejas, Jesus está lá, mas nós estamos em meio a muitas atividades, e por isso esquecemos a atividade significativa que é passar tempo a sós, no culto individual, e com nossas famílias, no culto doméstico, e nas Igrejas, nos cultos públicos, com o Senhor na Sua Palavra e na oração.
Assim como é concisa nossa história, é concisa a sua lição: estar sentado aos pés de Jesus ouvindo a Sua Palavra é a única coisa necessária na vida.
Maria parece-nos ter entendido isso de maneira tão clara que nada a tira de sua posição. Cada vez que a Escritura apresenta Maria nos evangelhos, ela está aos pés de Jesus. É assim em nosso texto, foi assim quando Lázaro morreu (João 11:32) e foi assim quando ela ungiu Jesus em João 12:3. Maria estava sempre lá, aos pés de Jesus para ouví-lo, ela tinha a exata noção do que Jesus queria.
Finalmente, minhas irmãs, é preciso dizer que o ensino do nosso texto não é a ociosidade, uma idéia de que a vida piedosa deva ser contemplativa e descuidada de nossas muitas responsabilidade diárias nas outras coisas de que o Senhor nos ocupa. Pelo contrário, nós sabemos que o Senhor ordenou aos homens se empregarem no trabalho de vários tipos. Sabemos e devemos sempre lembrar que nenhum sacrifício é mais agradável a Deus do que quando cada um se aplica diligentemente em sua própria vocação aplicando-se em serem excelentes fazendo todas as coisas para a Glória de Deus e benefício do próximo.
E então, você está como Marta ou como Maria? Na vida urbana na qual todos estamos imersos, não nos faltam ocupações e distrações. Vivemos a tirania do urgente e do fazer muitas coisas, ao ponto de que cada vez temos menos tempo para nossas devocionais pessoais e familiares. Infelizmente, a própria Igreja imergiu em um mundo de ativismo. É preciso reconhecer que sobretudo estamos envolvidos com coisas secundárias quando se tratam de “sentar-se para ouvir Cristo nos instruir”. Trabalho, TV, lazer, jogos, internet, tarefas domésticas, etc, todas estas coisas podem estar roubando seu tempo com Cristo! E Ele é o que é mais necessário em sua vida. Ele é tudo em sua vida, a sua vida é toda para Ele.
Quando Cristo é o foco de nossas prioridades, experimentamos um fortalecimento duradouro, resistente e que nos revigora a alma, que reorienta todo o resto, concede nova perspectiva sobre todas as outras coisas, nos dando uma capacidade diferente de lidar com todas elas com sabedoria.
Amém! Muito bom, bem explicado demais!
ResponderExcluirSejamos como Maria, que escolheu estar perto do Pai.
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