Dica Valiosa - Livro: O Silêncio de Adão.



Ficha Técnica.

Título: Silêncio de Adão, O
Código: 11824
Autor: Larry Crabb - Don Hudson - Al Andrews
Editora: Vida Nova
Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 240
Peso: 253 g.
Acabamento: Brochura
ISBN: 978-85-275-0366-2
Categorias: Homens - Vida Cristã - Liderança
Edição: 2006



Resenha do livro.


“Eu costumava pensar que ser homem era pular da cama, toda manhã, com uma história perfeita – nenhum medo, nenhuma tragédia, nenhuma insegurança, nenhuma dúvida sobre si mesmo. Mas agora creio que, ser homem, nesse mundo é ser alguém que tem coragem de vencer seu medo, fé para responder as suas dúvidas e amor para levá-lo além da perda. A esperança, para mim, reside no meu potencial de tocar as pessoas redentoramente, nas gerações vindouras, em vez de apenas passar esbarrando por elas, como um fantasma torturado”. (testemunho de Don Hudson, p.24)

Fazer uma resenha sobre esse livro é ao mesmo tempo um imenso prazer e um duplo desafio. Prazer por trazer a memória as profundas e belas reflexões que ele instiga o leitor a fazer. O primeiro desafio é devido a riqueza da obra, o que demandaria páginas e mais páginas para uma resenha que de fato transmitisse a sua mensagem. O segundo desafio é pensar num modo de escrever aqui palavras que inquietem os leitores desta resenha, estimulando-os a ler o livro.

Bom, acho interessante explicar primeiro o título do livro (coisa que nele se encontra lá pelo meio). Os autores, realizando uma exegese bíblica bastante coerente, propõem que no relato bíblico de Gênesis no qual a serpente tenta Eva, Adão estava presente o tempo todo, e se omitiu, ficou calado. Ele teria tido a oportunidade de impedir a Queda, lembrando a ordem de Deus e trazendo ordem aquele momento de confusão. Sua omissão permitiu que o caos entrasse na ordem do Éden. Para os autores, desde então o homem tem a característica de se omitir quando deveria falar, fica acuado, na defensiva, quando deveria olhar para as trevas e desafiá-la.

Para os autores, ser homem é manter-se em movimento, é ser dotado de uma energia para agir. É interessante as passagens bíblicas e os estudos etimológicos que eles fazem para corroborar essa idéia, bem como os exemplos de suas próprias vidas, que creio a grande maioria dos homens se identificariam ao ler. A consequência da omissão do homem é uma corrupção de sua masculinidade, dessa sua energia. No lugar de ser um homem viril/piedoso (termo que eles usaram para designar o homem segundo a perfeita vontade de Deus, e desde Adão só Jesus teria sido desse modo), enfrentando o desconhecido para fazer a vontade do Pai e beneficiar os outros, a energia do homem corrompido após a Queda o leva a masculinidade que conhecemos hoje, construtora de homens que tentam apresentar-se como perfeitos. Homens que os autores caracterizados muitas vezes por serem controladores, destrutivos ou egoístas, na verdade sentem-se inseguros de enfrentar o desconhecido, o caos, e que tentam andar em suas zonas de segurança, fazendo apenas aquilo que eles sabem que são bons, como em sua vida profissional. Essa noção de masculinidade apresenta efeitos devastadores nos relacionamentos desses homens, em especial naqueles que estão mais próximos, esposa, filhos, pais, amigos. E muitas vezes tudo isso pode ser mascarado por anos a fio, como cupins que comem uma casa feita de madeira por dentro sem que ninguém perceba, e quando se vê a casa cai de repente, como se fosse de papel.

Os autores criam vários conceitos em dualidade para criar exemplos limites, recurso didático que eles utilizaram muito bem. São exemplos as noções de teologia transcedental (que leva ao conhecimento e intimidade com Deus) x teologia da receita (qualquer problema tem uma solução fácil e pré-definida), e presbíteros (homens viris/piedosos que se lançam em abençoar os outros, sendo irmãos e mestres para estes) x profissionais (ou peritos, pessoas altamente especializadas e reconhecidas por um diploma, ou talento, mas que não são viris/piedosos).

O livro procura embasar-se na Bíblia, mas não faz profundas e complexas considerações teológicas, nem fica constantemente citando os textos bíblicos. Sua principal característica é alternar testemunhos pessoais dos autores e cenários fictícios que são absolutamente coerentes com análises sobre o comportamento, os sentimentos envolvidos e as consequências de possíveis escolhas.

Recomendo fortemente esse livro para aqueles que não são cristãos, pois suas reflexões sobre o comportamento humano são muito enriquecedoras. Para os que são cristãos, chego a considerá-lo obrigatório, por desafiar os homens a enfrentar-se e proporcionar reflexões que essa vida corrida do século XXI tanto nos dificulta a fazer, e que fazem toda a diferença na vida de um homem e das pessoas a sua volta. Ainda que voltado para homens, considero também uma boa leitura para as mulheres, pois o livro é rico ao pensar em questões de fé, amor e propósitos divinos, independente de diferenças de gênero.

A paz!

- Marcelo Fernandes.

0 comentários: