As escrituras afirmam que Jesus é Deus? (por Marcelo Berti)


Extraído de: E-cristianismo

B. No Novo Testamento: (Parte 1)

Como já vimos, muitas das referências sobre a divindade de Cristo no Antigo Testamento são tomadas por sua relação com o Novo. Isso acontece por que os autores neotestamentários encontraram nesses versos alusões à divindade do Messias e sob inspiração do Espírito Santo instruíram os cristãos de todas as épocas. Entretanto, temos que admitir que eles levaram tal conceito à frente e à clareza, como vamos observar abaixo:

· Mt.1.23: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco) – Jesus é claramente chamado de Deus, desde o Seu nascimento.

· Mt.5.17: Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir – Nenhum homem jamais cumpriu todas as exigências da Lei, mas Jesus cumpriu completamente em sua vida além de ser o cumprimento das Profecias Messiânicas, que incluía sua Divindade.

· Mt.9.6: Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados -- disse, então, ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa – Nesse texto encontramos Jesus exercendo uma ação exclusivamente divina: Somente Deus pode perdoar pecados, pois eles são essencialmente um mal orientado contra Deus. Por essa razão, somente Deus perdoa pecados. Se Cristo tem autoridade (não permissão) para perdoar pecados, segue-se que Ele é Deus.

· Mt.11.1-6: Ora, tendo acabado Jesus de dar estas instruções a seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles. 2 Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras de Cristo, mandou por seus discípulos perguntar-lhe: 3 És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? 4E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: 5 os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. 6 E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço – Nesse texto vemos Jesus Cristo se afirmando o Messias Prometido (Is.35.5-6; 61.1-2) além de se comparar com a pedra de tropeço, que nos profetas era o próprio Yahweh (Is.8.13-14; cf. 1Pe.2.8).

· Mt.11.27: Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (cf. Lc.10.22)– Nesse verso Jesus se coloca em igualdade com o Pai: Do mesmo modo que em sua natureza e essência Deus não é completamente conhecido, Cristo também o é. Se Cristo fosse um mero homem, tal afirmação não faria o menor sentido. Nesse verso também vemos a sujeição de Cristo ao Pai, com quem desenvolve um relacionamento familiar (Pai – Filho).

· Mt.14.33: E os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus! – Algumas versões corrompidas traduzem esse texto como se os discípulos estivessem prestando uma homenagem a Jesus. Nada mais fora da realidade por ser dito do que isso. Segundo eles, esse ato era uma forma de se prostrar reverentemente diante de alguém que merece respeito.

o Mas, o que dizer de textos como Mt.2.11 (cf. Mt.4.9; At.10.25; Ap.4.10; 5.14; 7.11; 11.16; 19.4) que o verbo “prostrar” é usado antes do verbo “adorar”?

o Os que pensam assim esquecem que o sentido do termo é primariamente adorar (Jo.4.20-24; 12.20; At.8.27; 24.11; 1Co.14.25; Ap.3.9) e não prostrar-se.

o Observe a situação quando Satanás usa esse termo para tentar a Jesus (Mt.4.9; cf. Lc.4.7)? Será que Satanás estava propondo uma homenagem? Nada mais ridículo poderia ser dito, até por que Jesus não entendeu assim. Note que Ele responde que devemos adorar somente a Deus (Mt.4.10; cf. Lc.4.8) usando o mesmo verbo.

o Portanto, se apenas Deus é digno de ser adorado, e Jesus aceitou adoração, Ele é Deus.

· Mt.16.16-17: Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. – Já vimos que só podem conhecer a Jesus Cristo se o Pai lhe conceder o privilégio. Jesus confirma esse fato ao dizer que a definição de Pedro foi dada por Deus. Pedro reconheceu que Jesus é Cristo (humano) Filho de Deus (Divino). Somente o Pai pode conduzir pessoas a essa conclusão (11.27).

· Mt.28.18: Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra – Jesus tem toda a autoridade no céu, a esfera mais nobre da manifestação de Deus. Ora, se Cristo tem toda a autoridade nesse ambiente, é certo que Ele é Deus.

· Mc.8.38: Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos – O texto demonstra claramente que em sua segunda vinda Jesus virá com a Glória do Pai e com os Santos anjos que possui. Ou seja, Jesus certamente não faz parte dos seres angelicais e tem a mesma Glória que Deus tem. Portanto, Jesus deve ser Deus.

· Lc.5.22: Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração? – Conhecer o coração do homem é uma atividade que somente Yahweh pode realizar (1Re.8.39; Ez.11.5; cf. Ap.2.23).

· Jo.1.1-3: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez – Esse texto atesta a Eternidade do Verbo, a co-existência com Deus, ou seja, o Pai não é o Filho, nem o Filho o Pai, mas o Filho é Deus, como o Pai. É por isso que Ele é o Criador de todas as coisas. Se é criador de todas as coisas não é criado. Se é eterno não é temporal. Se é Deus não é nem anjo, nem uma espécie de ser angelical ou sub-divino (um deus a parte do Pai).

· Jo.1.18: Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou – O mesmo conceito sobre Deus é visto em Mt.11.27 (cf. Lc.10.22), mas diferente dos anteriores que apresentam a relação entre Pai e Filho, esse demonstra a igualdade essencial entre o Pai e o Filho, que é chamado de único Deus nesse verso.

· Jo.2.19-21: Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei. Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás? Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo. – As escrituras dizem repetidamente que Deus é quem ressuscitou a Cristo dentre os mortos (At.2.24, 32; 3.15; 3.26; 10.40; 13.30; 17.31; Rm.4.24; 1Co.6.14; 2Co.2.14; Gl.1.1; Ef.1.20; 1Ts.1.10; Hb.13.20; 1Pe.1.21), entretanto aqui Jesus garante que Ele mesmo ressuscitará a si mesmo. Em Jo.10.18 Jesus reafirma sua autoridade. Ora, se as escrituras dizem que Deus ressuscitou a Cristo dentre os mortos, e Cristo diz que ele tem poder/autoridade para fazê-lo, segue-se que Ele é Deus.

· Jo.5.18: Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. – Jesus propositadamente fazia-se igual a Deus e os judeus o entendiam assim. Se Jesus estivesse se fazendo igual a Deus e não o fosse, Ele seria um mentiroso. Como nenhum dolo se encontrou em sua boca (Is.53.9; 1Pe2.29) e quem não erra no falar é um homem perfeito (Tg.3.2), segue-se que Ele não estava mentindo sobre sua igualdade com Deus. Portanto, Jesus é Deus.

· Jo.8.58: Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU – Nessa expressão Jesus se identifica claramente com Yahweh. Jesus usa essa expressão em Jo.8.28 e 13.9.

· Jo.10.30: Eu e o Pai somos um – Essa declaração de unidade é fundamental para se compreender a pessoa de Cristo. Diversas citação do AT dependem dessa verdade para serem apresentadas. O que é fato é que os ouvintes de Cristo entenderam essa expressão como uma declaração da divindade de Cristo.

· Jo.12.45: E quem me vê a mim vê aquele que me enviou – Jesus Cristo é apresentado à semelhança de Cl.2.9 e Hb.1.3: É tão completo na presença da divindade em seu corpo, é tão exata a representação do Ser de Deus em sua vida, que quem o vê, vê a Yahweh.

· Jo.14.8-10: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. 9 Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? 10 Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras – Do mesmo modo que em Jo.12.45, Jesus demonstra Sua unidade com o Pai de tal modo que quem O vê, vê o Pai. Essa unidade essencial já havia sido demonstrada em Jo.10.30.


Parte final na próxima terça.

Em Cristo,
Felipe Wagner

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