Abraços para apaixonados: Ele é o meu melhor amigo.

Ela estivera ao lado do seu leito por três dias. Mesmo cansada como estava, não havia nada que a fizesse voltar para casa e descansar. De fato, sua presença estava causando alguns problemas de escala. Subitamente, a equipe do hospital queria desistir das folgas e ficar de plantão, somente para estar perto dela.


Havia algo em seu espírito manso e sua confiança em viver que era contagiante e um tanto quanto angelical. Ela tornou-se o assunto frequente das conversas na ala das enfermeiras e sala de café. Todos a chamavam respeitosamente de sra. Calabrese. Enfermeiras e médicos igualmente revezavam-se nos turnos para chegar os sinais vitais do sr. Calabrese, apenas porque queriam conversar com ela.

A suavidade e a abnegação do amor que ouviam em sua voz tinham sido nutridas por toda uma vida, e ela orgulhosamente exibia sua idade e suas rugas como um símbolo de fidelidade. Era claro para todos que encontravam a sra. Calabrese que seu melhor amigo era o homem silencioso, cuja mão ela suave e constantemente segurava. Histórias sobre seu marido fluíam de seus lábios no momento em que alguém entrava no quarto. Ele era o seu investimento de vida, e se tornaram amigos íntimos desde o início. 

Nada era demasiadamente difícil para eles quando enfrentavam o problema juntos. Levaria anos para descobrir todos os segredos que eles compartilhavam.

Uma vez, ela perguntou ao médico que examinava seu marido: - Você acha que somos parecidos? Eu penso que sim. Isso acontece, você sabe.

O sr Calabrese não se movia há dias. Sua vida se esgotava - enquanto ia e vinha do coma. Os médicos tentavam preparar a sra. Calabrese para  a morte iminente do seu marido, mas ela se recusava a ouvir. Suas vidas tinham sido entrelaçadas há décadas. Ela já o tinha ajudado através de várias situações impossíveis, e o ajudaria dessa vez também.

As mãos dela eram misteriosas. Eram desgastadas pelo tempo e deformadas, mas seu toque suave trazia conforto e paz. Ao sentar-se naquele quarto, não soltava a mão do sr. Calabrese. Era como se as mãos de ambos fizessem parte uma da outra. Poderia muito bem surpreender os experts da medicina e levar o sr. Calabrese mais uma vez de volta para casa.

No meio da noite, enquanto dormia, o sr.Calabrese subitamente voltou do coma. Segurando a sua mão estava a noiva da sua juventude, sua melhor amiga, a mulher que tinha prometido amá-lo até a morte. O pensamento de deixá-la era insuportável. Sabendo que a morte estava à porta, ele silenciosa e carinhosamente desfrutaria do toque da sua mão enquanto respirasse. As mãos dele se sentiam vazias sem aquele toque. As mãos dela eram marcadas devido a uma vida toda trabalhando a seu lado. Juntos, como amigos, haviam trafegado a difícil estrada da vida. E dessa forma, muitas vezes, ela o salvara, levantara, confortara e cuidara dele. 

Não poderia deixar que ela despertasse apenas para vê-lo morrer, então, escreveu-lhe um bilhete. E ele viveu apenas o suficiente para terminar a sua expressão de amor para sua sempre fiel amiga. Com apenas uma pequena luz vinda de uma lâmpada ao lado da cama para ajudá-lo , o sr. Calabrese usou a mão livre para puxar um bloco de notas e uma caneta da mesa até sua cama. Com lágrimas correndo em sua face, escreveu sua mensagem que, mais tarde, se tornou a bela letra de uma famosa canção dos anos 50.


Quando o bip do monitor do coração sinalizou a morte se seu marido, a sra. Calabrese despertou.

Ainda segurava a mão do seu melhor amigo, embora ele já tivesse partido para seu lar eterno para esperar por ela. Ele percebeu o poema que seu marido tinha lhe deixado e, ao lê-lo, pensou consigo mesma: É bem do seu jeito. Ele sempre foi o meu melhor amigo.

- Livro: Abraços para Apaixonados.


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